Os anticoagulantes orais são medicações que atuam sobre algumas proteínas do sangue com o objetivo de diminuir ou impedir a coagulação sanguínea. Podem ser utilizados no tratamento de diversas doenças, seja para prevenir ou tratar a trombose (venosa ou arterial).
Basicamente existem duas classes de anticoagulantes orais: os cumarínicos e os novos anticoagulantes orais.
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Os cumarínicos
São inibidores enzimáticos do ciclo da vitamina K. Essa vitamina participa diretamente da formação adequada de alguns fatores de coagulação muito importantes (Fatores II, VII, IX e X).
Exemplos: Varfarina (Marevan) e Femprocumona (Marcoumar)
Justamente devido a esse mecanismo de ação, quem toma esse tipo de anticoagulante deve evitar alimentos ricos em vitamina K!
Se você toma um medicamento que inibe a vitamina K, mas continua comendo alimentos ricos em vitamina K, o medicamento não consegue fazer seu efeito, entendeu?
São exemplos de alimentos ricos em vitamina K e que devem ser evitados:
Vegetais verdes (Couve, Espinafre, Repolho, Alface, Salsinha, Coentro, Brócolis, Aspargos), Cenoura; Abóbora, Pepino, Soja, Fígado de boi, Queijos duros (Parmesão, Canastra, por exemplo)
Alguns medicamentos podem aumentar ou diminuir sua ação na anticoagulação por serem metabolizados de forma semelhante. Alguns exemplos:
- Podem diminuir o efeito anticoagulante! (Levando à nova trombose!): Carbamazepina, rifampicina, entre outros.
- Podem aumentar o efeito anticoagulante! (Levando à sangramento!): Amiodarona, Amitriptilina, eritromicina, tamoxifeno, piroxicam e possivelmente outros analgésicos antiinflamatórios, cetoconazol, alopurinol, entre outros. A atividade anticoagulante pode também ser aumentada com grandes quantidades ou ingestão crônica de álcool, particularmente em pacientes com insuficiência hepática.
Sempre informar ao médico que toma anticoagulantes. Assim ele pode consultar se o novo medicamento que você precisa usar, interferirá com o efeito anticoagulante.
Além disso, o efeito desse tipo de anticoagulante deve ser sempre monitorado através de exames de sangue. O mais importante deles é a dosagem do Tempo de atividade da Protrombina (INR ou RNI). É através deste exame que seu médico consegue dizer se o medicamento está exercendo seu efeito corretamente ou não. Usualmente seu resultado deve estar entre 2,0 e 3,0 para uma anticoagulação adequada (exemplos: 2,3… 2,8…. 2,5, etc). Caso você esteja com esse resultado fora dessa faixa, procure seu médico para que ele possa corrigir a causa e/ou a dose do medicamento. Caso você esteja com o INR abaixo de 2,0 tem maior chance de nova trombose. Caso esteja com o INR acima de 3,0 tem maior chance de apresentar sangramento.
Principais vantagens:
- Preço mais acessível
- Fáceis de encontrar
Principais desvantagens:
- O consumo de alguns alimentos e medicamentos deve ser evitado pois pode alterar sua função
- Seu uso deve ser controlado com exames de sangue frequentes
- Têm maior chance de sangramento quando comparados aos Novos Anticoagulantes Orais
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Os novos anticoagulantes orais
Atuam um pouco mais profundamente na famosa “Cascata da Coagulação”, inibindo diretamente o fator Xa ou IIa. São mais modernos!!!
Exemplos:
- Inibidores do fator Xa: Rivaroxabana (Xarelto), Apixabana (Eliquis), Edoxabana (Lixiana)
- Inibidores do fator IIa: Dabigatrana (Pradaxa)
Justamente por atuar especificamente em certos fatores de coagulação, não há necessidade de dosagens no sangue para avaliar sua eficiência. Basta tomá-los na dose correta recomendada!
Seu uso tem se mostrado muito seguro e eficaz, com baixo índice de sangramento, quando comparados aos anticoagulantes cumarínicos.
Entretanto alguns medicamentos podem aumentar ou diminuir sua ação na anticoagulação por serem metabolizados de forma semelhante. Alguns exemplos:
- Podem diminuir o efeito anticoagulante! (Levando a nova trombose!): Anticonvulsivantes (Carbamazepina, Fenobarbital, Fenitoína e Ácido valpróico) e Rifampicina; entre outros.
- Podem aumentar o efeito anticoagulante! (Levando a sangramento!): Inibidores das proteases do HIV (por exemplo Ritonavir) e Antimicótico azólico (por exemplo Cetoconazol) ; entre outros.
Sempre informar ao médico que toma anticoagulantes. Assim ele pode consultar se o novo medicamento que você precisa usar, interferirá com o efeito anticoagulante.
Principais vantagens:
- Menor risco de sangramento quando comparado aos Inibidores da Vitamina K
- Não tem interação com alimentos
- Não tem necessidade de controle com exames de sangue
Principais desvantagens:
- Preço mais alto
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Orientações gerais para quem usa
Anticoagulantes Orais
- Não tomar nenhuma nova medicação sem prescrição médica; diversas medicações podem influenciar na ação dos anticoagulantes orais, aumentando ou diminuindo sua potência no sangue – E isso pode ser muito grave!!! Portanto, sempre que estiver tomando um anticoagulante e for prescrita alguma medicação não usual, avisar ao médico.
- Sempre que for ao médico avisar que faz uso de anticoagulante.
- Evitar se bater ou se ferir. Medidas simples podem ajudar: andar sempre calçado, manter os locais da casa bem iluminados, evitar pegar pesos ou fazer atividades que possam levar a quedas como subir em objetos e árvores.
- Pequenos sangramentos podem acontecer. Exemplos: ao escovar os dentes, assoar o nariz, ao evacuar fezes mais endurecidas, etc. Esse sangramento pequeno tende a para sozinho. Caso não melhore ou se transforme num sangramento maior, suspender a medicação e procurar atendimento médico imediatamente.
- Não receber medicação intramuscular e/ ou vacinas.
Observação – As orientações descritas aqui tem caráter meramente informativo e educacional e não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação de si mesmo ou de terceiros. Em caso de dúvidas sempre consultar um médico da equipe. Somente ele está habilitado a realizar o diagnóstico e programar a terapia mais adequada.
Fonte: Bruno L. de Almeida, MD, PhD / Vascular Brasília